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segunda-feira, 22 de março de 2010

Triste Inverno...

Aquele inverno havia sido o pior, a comida era escassa e eu estava só, meus pais haviam morrido no verão deste ano e o único que eu amava me deixou, sem mais nem menos, apenas sumiu...
Eu tentava me reerguer, mas era impossível rodeada por coisas ruins, lembranças assombravam minhas noites e grandes olheiras surgiram em minha face outrora bela e sem marcas, as lagrimas que eu derramava todos os dias já não eram o suficiente para curar a dor e o vazio existente em meu peito. Quando a neve começou a cair senti uma ponta de esperança... Sabia que morreria rápido de frio e fome. Mas para minha ma sorte um bom samaritano me deixava comida e agasalhos todos os dias de madrugada... Um dia resolvi me levantar mais cedo na esperança de conhecer o estranho, um frio percorreu minha espinha quando ouvi o barulho de uma carruagem se aproximando abri a porta e apenas vi um vulto cercado de lobos com um brilho estranho nos olhos... Aqueles olhos castanhos relampejaram famintos em minha direção... Se eram humanos eu não sei... Pouco menos o seu nome... A única coisa que sei é que aquele estranho olhar me atraiu de uma forma inimaginável, uma forma intensa... Fechando instantaneamente a ferida existente em meu peito. A partir daquele dia passei a receber o estranho que me fazia as doações... Durante 1 mês inteiro ele me trazia comida e agasalho e partilhava comigo aquele calor que havia em seu olhar. Eu me apaixonava por aquele olhar a cada dia, queria descobrir quão belo era aquele que conseguir e reerguer... No inicio do ultimo mês de inverno algo estranho aconteceu, a Lua cheia no céu e um uivo do lado de fora de minha casa me alertaram de que algo que eu temia ocorrera... Aquele dia eu esperei ate depois do meu dia e meu estranho não apareceu... Meu estomago afundou com lamurias infundadas da minha mente, mas eu sabia que era verdade, ele não viera mais, os lobos uivavam e faziam vigília do lado de fora da minha casa, a fome apertava... Meus olhos eram fundos no termino da semana, os lobos ao me verem caminhar pela janela começavam a lamber os beiços imaginando o sabor da minha carne... O olhar, a presença deles me lembrava aquele estranho... Ao lembrar dele lagrimas grossas rolaram por minha face... Decidida morrer por algo abri a porta e caminhei... O vento frio cortante em minhas bochechas as deixaram vermelhas rapidamente... Senti meus lábios racharem enquanto as lagrimas viraram pedrinhas de gelo em meu rosto. Um lobo próximo que havia deitado para esperar a morte de fome me encarou com olhos selvagens e uivou... Aquele uivo me fez temer, mas fui em frente. Não havia mais esperanças... Naquela tarde gelada de inverno entreguei-me a morte...
(IMAGEM BY: Victoria Frances)

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