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sexta-feira, 26 de março de 2010

O Segredo do Corvo


Ao ver onde o corvo pousou meu coração deu um salto, não sabia o que faria. Eu sentia um impulso me empurrar para frente, mas minha mente sã me fazia voltar pelo caminho que vim me jogar na neve e chorar... Meu coração não estava preparado para outra decepção! Olhei o estranho profundamente e percebi lagrimas escarlates em seu rosto. Aproximei-me de coração partido e receosa a encarar o estranho que chorava, o corvo grasnou a minha proximidade e ele me olhou sem muito reparar voltando-se para sua tristeza, seus olhos faiscaram com algum sentimento que nao imaginava ver ali, senti um arrepio percorrer todo meu corpo e enrubesci baixando a cabeça. Quando ele me chamou percebi certa sutileza em sua voz. Aproximei-me dele sem discordar e meu coração saltitou ao senti-lo pegar em minha mão. Não sabia o que fazer, mas não podia mais correr, estava aqui, parecia ser a ultima esperança dele e ele por mais incrível que fosse também se parecia a minha ultima esperança. Eu não sabia quem ele era, mas sentia algo por ele, algo que fazia meu coração disparar ao vê-lo ali triste daquela forma. Ele me contou que fora abandonado. Coincidência não? Mas ignorei minha vontade de falar e mandei-o prosseguir, ele dizia que havia tentado esquecer-se dela com outras mulheres, mas não conseguira:
- O cheiro dela, seu perfume, nada saia de minha mente. Fui expulso de três bares diferentes por isso. Maldita seja por me enfeitiçar desta maneira. Ele dizia sem me encarar, sentei-me a seu lado pensando no que ele dissera... Lembrar daquele maldito bastardo era assim pra mim também ate aquele momento. Olhei para a luz da lua que raiava ao longe enquanto lagrimas rolavam de meus olhos novamente e olhei para o lado, ele me encarava serio, abismado como se houvesse visto um fantasma. Ele passou a mão por meu rosto limpando minhas lagrimas enquanto eu o ouvia dizer:
- A dama do Corvo... Ele a trouxe para mim...
Eu o encarei amedrontada e me encolhi. Não podia ser eu não conseguiria ter outro em meus braços ainda. Ele se aproximou para me beijar e me levantei de um salto assustando-o. Ele me encarou tristemente enquanto eu corria de volta para o cemitério chorando... Tropecei e cai diante uma das lapides. Desejei morrer ou pelo menos perder a consciência. Esse maldito sentimento brotava em meu peito novamente e eu não queria! A noite esfriou de maneira súbita e me levantei, meu vestido encharcado pela neve pesava... Eu caminhei debil e lentamente ate chegar novamente a minha casa... Cai em minha cama e adormeci. Novamente um Corvo veio me procurar em meus sonhos... O que ele queria eu sabia... Só não sabia se eu seria capaz de fazê-lo... Se eu seria capaz de amar.
(Imagem BY: Victoria Frances)

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